O estigma de ser português e como o “destino lhe marca a hora” com todo o fatalismo do mundo!


Ser português em Portugal, é bem mais marcante do que simplesmente considerar ter uma cultura semelhante à de muitos outros povos do mundo. Ser português é não ter em conta nem perceber aparente que, no inconsciente individual e colectivo da nação, existe a crença firme de que a mudança é sempre para pior,  de que nada nem ninguém pode alterar o “destino” com que se nasce talhado, que o melhor para “viver a vida” é dar-se ao comodismo,  à aceitação do que a “vida nos dá”,  à resignação do que nos “coube em sorte”! E também um certo conformismo relativamente à nossa capacidade de realização e um estranho pavor de tudo o que é novo ou desconhecido ou até de quem ousa sair da multidão anónima e enfrentar esse medo que jaz no meio do colectivo da nação.
E por isso assim escreveu  Almada Negreiros que "O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades.". Também Eça de Queirós o retratou de molde idêntico ou ainda Guerra Junqueiro, e muitos outros escritores ou homens de ciência.
Esta “estranha forma de vida” é aliás titulo de canção e assumidamente o nosso “core operativo” como povo, e por isso não admira que sejamos continua e abominávelmente governados e sempre continuemos dispostos a assumir que esta abjecta forma de ser escravizado é normal e que tanto faz, porque “tira-se de lá um de uma cor política e coloca-se outro” que também vai fazer mais do mesmo e “continuar a roubar” sempre e mais o povo. Opinião esta tantas vezes ouvida por quem circunda em redor das nossas vidas!
Mas temos que admitir que os governantes que escolhemos não passam de gente do povo como nós, com os mesmos condicionamentos culturais e a mesma “história de vida”. E aqui faz-se jus ao provérbio de que “cada povo tem os governantes que merece”.

Pois, o grande problema do medo e de uma cultura assente na crença (ainda que inconsciente) e de que os outros são sempre mais fortes (e aqui reside a ideia pre-instalada ao longo dos tempos de que por sermos um país pequeno, somos igualmente mais fracos e não tão capazes como outros povos), reside no facto de que somos muito inclinados a não tentar descortinar para além do hoje e do agora, continuando encerrados nos nossos  medos ancestrais, e não fazermos nada, que não seja insistir na não mudança e  sempre a submissão aos que consideramos, são os mais fortes!


E este “modus operandi” manifesta-se em tudo o que tocamos, seja a governação do país, a gestão das empresas ou a nossa actuação como indivíduos e enquanto cidadãos! Estamos todos toldados pelo medo e pelo marasmo ancestral que carregamos nos nossos genes individuais e colectivos. E deste modo presos dentro de nós mesmos e amarados por um poder invisível, que nos condena ao imobilismo, miserabilismo e ao fatalismo que bem é descrito pelo fado canção com o “destino marca a hora”, “povo lavas no rio … e talhas as tábuas do teu caixão”, etc. E há aqui até uma certa atracção pelo abismo e fatalismo, com que temos vindo a ser marcados geneticamente, ao longo das sucessivas gerações.
Ser português implica um condicionamento genético, que incorpora toda uma cultura e marcadores somáticos, que à nascença implicam logo a activação de um conjunto de neurónios predispostos a aceitar a submissão, a incapacidade critica e o tal sentimento de inferioridade e menoridade.  Daí uma certa cumplicidade e uma atracção por uma “estranha forma de vida” e de aceitar o fatalismo e a predestinação, ainda que quase sempre na sua maioria de forma inconsciente, ainda assim atracção não menos forte por isso.  
A grande maioria das nossas decisões, sabe-se hoje pelo avanço da neuro-ciência, têm a ver com a nossa parte do cérebro de onde emanam as emoções e não pelo núcleo mais evoluído do cérebro (neocórtex), como se pensava até hoje.
E é aqui e pelo que atrás expus, que ser português em Portugal é já um estigma que à partida nos deixa, de uma forma geral, em desvantagem perante a grade maioria dos povos, em minha modesta opinião.

Sendo nós até à actualidade, um povo com manifesta e insuficiente clarividência,  mantido desde sempre desinformado ou até na sua maioria na ignorância  sempre manipulado, é completamente impossível contornar este condicionamento genético de, a tudo e todos se submeter e mesmo de sentimento de inferioridade entre outros dos aspectos acima descritos.(*)

Como tal, os portugueses e a nação não têm qualquer hipótese de escapar a lideres sempre corruptos e/ou incompetentes, que naturalmente conduzem a um povo cada vez mais ignorante e/ou desinformado e assim sempre submisso a tiranos sem fim.  E isto assumindo a tirania as várias facetas que a caracterizam, sejam elas de cariz medieval, pré-industrial ou até de base tecnológica, como se nos começa a desenhar o futuro.
E é importante de realçar que  ignorância de hoje, num mundo cada vez mais complexo, já não é só o não saber ler, mas sim a necessidade de uma capacidade critica e clarividência próprias, que impeçam a manipulação fácil das mentes e o aproveitamento de uns quantos para subjugar pelo exercício abjecto do poder, uma maioria assim à mercê da ganância continuada e da autêntica forma predatória como é explorada uma grande maioria do povo português.

Em minha opinião também este condicionamento biológico, assegurado por um conjunto de marcadores somáticos que nós carregamos à nascença e que até aos nossos dias tem “talhado” fatalmente o nosso futuro colectivo, por uma manifesta incapacidade para gerirmos o progresso e nos desenvolvermos como um povo mais avançado e culto, só pode ser inflectido através de uma disrupção nos sistemas educativos da nação e por uma aposta estratégica e de visão,  na educação para a vida, destinada a todos os cidadãos.

Poder-se-á questionar que isso sairia muito caro a um país empobrecido à força, como nós estamos actualmente a ser condenados! Mas nem isso já hoje é verdade, porque graças às tecnologias da actualidade é possível conceber sistemas de educação mistos, em que uma parte do ensino é garantido apenas por sistemas tecnológicos e a outra por professores adequadamente preparados para esta nova missão, e a quem caberá mais nobre função do país (em minha opinião), que é a de formar (educando) os cidadãos que irão ser o novo futuro de Portugal e marcarão o inicío de uma nova geração, a qual inflectirá o rumo da nação (finalmente) em direcção ao sucesso e à grandeza de Portugal.

Como tal, só através de um ensino que estimule o espírito critico, um sentimento de cidadania e pertença ao mundo global e cultivando uma certa rebeldia, não deixando que o comodismo e o fatalismo se acondicionem ainda mais, dando lugar à força genética que logo se impõe, na ausência de outros estímulos, os portugueses poderão vir almejar um futuro digno desse nome e  a ousarem na construção de uma nação melhor, mais justa e também mais evoluída no seu colectivo.

Francisco Gonçalves In “Notas Soltas”
27 December 2012
( Francis.Goncalves@gmail.com )



"Diz-se Que O Povo portugues vive dominado Pelo eterno messianismo; Que um Fraqueza SUA (! OU SUA uma Força) Consiste los Confiar Sempre da Providencia, fazer Acaso, do Destino e Nunca de hum Plano raciocinado e assente ".
[Maria Amália Vaz de Carvalho]


(*) De referir que durante a minha adolescência vivi alguns tempos de férias em casa de meus avós maternos, numa aldeia bem no centro do país, e pude constatar muitas das realidades identificadas para fundamentar este artigo! Outras fontes incluem investigações recentes em neuro-ciência e padrões  comportamentais de diversos povos e culturas.


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