Será que o Linux pode ajudar a reduzir a pobreza no Mundo?

Será que o Linux pode ajudar a reduzir a pobreza e assistir às populações carenciadas em todo o Planeta?

Nos nossos dias, a pobreza no Mundo não é só um problema especifico dos Países do designado Terceiro Mundo. São também as Nações mais desenvolvidas como é o caso dos Estados Unidos da América, que tem uma taxa de pobreza que ronda os 18%. Portugal obviamente não escapa às estatísticas e segundo os últimos dados era estimada em mais de 19%.
As razões para esta situação de pobreza acentuada têm várias causas desde as catástrofes naturais, guerras, religião, politicas económicas e decerto muitas outras.
Mas independentemente destas e outras causas, que naturalmente acrescem e aceleram os níveis de pobreza em todo o Mundo, haverá certamente muitas ideias e iniciativas que poderão mobilizar-se no sentido de atenuar este fenómeno, destruidor e desagregador de toda a humanidade.

E de entre essas ideias e seguindo o ditado que diz "que se virem um homem com fome, não lhe dês de comer por um dia, ensina-o antes a pescar, para que se alimente para o resto da vida....", serão iniciativas que decerto farão e trarão futuro amanhã e não apenas hoje. Não basta trazer alimentos e outros bens essenciais às populações carenciadas do mundo. É urgente que as novas gerações sejam ensinadas para o futuro e que este possa ser "aberto". Isto é, que todas as ferramentas de software que sejam ensinadas sejam do domínio público, quer ao nível de ensino, investigação e mesmo empresarial, para que os cidadãos, as empresas e as Nações não fiquem hipotecadas às tecnologias, que são propriedade de uma única entidade do Mundo.


E de entre as muitas iniciativas que têm mobilizado milhares e até milhões de cidadãos em todo o mundo, destaca-se o OLPC One Laptop Per Child "/ Um Laptop (" por criança), cuja missão é a de criar oportunidades educacionais para as crianças de todo o mundo e principalmente das populações mais pobres do mundo, fornecendo a cada aluno do Planeta um Laptop, projectado com software Open Office e conteúdos colaborativos, alegre, divertido e auto-habilitado para a aprendizagem off e online.

Este é um daqueles projectos cujo retorno apenas se poderá esperar daqui a pelo menos uma década, mas estão lançados os dados para que novas gerações floresçam habilitadas a lidar com um laptop ou Pc e sistemas e software livres. Obviamente o Linux é o sistema operativo seleccionado, baseado no Linux Fedora Open-Source.

E adoptar Linux e open-source é mais importante do que se poderia pensar à primeira vista. Significa sobretudo uma nova abordagem às metodologias de desenvolvimento, que oferecem "know-how" e acessibilidades próprias, para produtos e serviços inovadores e livres.

Fruto destas iniciativas, que tiveram o seu nascimento no MIT, e com Nicholas Negroponte ( apelidado de Paladino da Era Digital), já existem muitos grandes projectos Linux espalhados pelo mundo na área da educação, de que se destacam alguns, por serem os mais relevantes:

  • Brasil abriu concurso para o fornecimento de 150,000 "laptops educacionais", para que o projecto Um Computador por Aluno, onde uma exigência principal é o de "GNU / Linux sistema operativo" (http://webeduc.mec.gov.br/ - Em Português).
  • República da Macedónia que tem implantado 180,000 Linux Ubuntu em ambientes de computadores "thin client".
  • Funcionários do governo de Kerala, usando somente software livre, que roda na plataforma Linux (computador de educação) . Iniciaram com programas no governo, assistidos por escolas superiores.
  • Em Indiana (USA), 22,000 estudantes tem acesso a postos de trabalho Linux, nas suas escolas secundárias.
  • Na Alemanha, 560,000 alunos e material escolar em processo de migrar para Linux.
  • Até 2009 todos os computadores em escolas russas estão a ser executados no sistema operativo Linux e com Open Office.
  • Nos 28 Estados da Índia existem planos para distribuir laptops para os estudantes em número superior a 100,000 sistemas com Linux.
(Nota - A inspiração para este artigo bem como os elementos estatísticos e o gráfico acima, foram obtidos a partir do site: How Linux Can Help Reduce Poverty), que dá também título a este "post". (FGonçalves.).

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[Computador iniciativa OLPC] - Este Laptop não fica atrás do Português Magalhães (que nasceu da ideia inicial do OLPC, com Projecto ClassMate da Intel, ao qual se juntou a MicroSoft, com o seu Windows XP).

E o Linux pode também desempenhar um papel crucial nos escritórios do governos, administrações centrais das Nações e mesmo nas empresas públicas e privadas, com vantagens significativas, quer em termos da capacidade de inovação presente e futura, e mesmo reduzindo consideravelmente os custos da adopção de novas tecnologias, assegurando ainda as continuadas actualizações e ainda maior automatização de serviços.

Especialmente no terceiro mundo e nas nações em desenvolvimento, esta opção pode desempenhar um papel vital, pela legalização de software e sistemas operativos e sobretudo pela drástica redução no licenciamento de sistemas Linux e ferramentas colaborativas e de escritório, disponíveis em "open-source". É ainda importante salientar que, quer novas facilidades ou mesmo software colaborativo diverso, idêntico ao que está ser usado nos programas escolares atrás referidos, poderão ser obtidas através do modelo "open-source" e assim poupar divisas das nações, que de outro modo teriam como destino multinacionais do sector tecnológico de software, contribuindo ainda mais para as assimetrias regionais e a pobreza extrema.

Existem várias escalas na adopções de computadores com Linux, que são estimulados directamente pelos vários governos dos Países, e isto independentemente do seu estádio de desenvolvimento:

  • A cidade de Munique está a migrar os seus 14,000 "desktops", para uma distribuição Linux gratuita.
  • O Banco Industrial e Comercial da China (iCBC) seleccionou o O/S Linux para todas as suas sucursais e agências, num total de mais de 20,000 locais.
  • Em Janeiro de 2006, na Venezuela entrou em vigor lei a tornar obrigatória uma transição (em dois anos) para sistemas de fonte aberta ("open-source"), em todos os organismos públicos.
  • O Instituto Federal de Emprego da Alemanha migrou 13,000 postos de trabalho para Linux openSUSE.

Pese embora todos estes exemplos, são no entanto poucos comparativamente com o trabalho que ainda há a fazer, no sentido de fortalecer e sensibilizar os Governos Locais e o de educar as crianças das nações pobres do mundo, para que sigam adoptando o Linux e o software "open-source".
Este é certamente mais um passo na direcção certa para ajudar a reduzir a pobreza, nem que seja apenas uma modesta contribuição que o Linux poderá dar, contribuindo para um melhor futuro do Mundo. E isso por via do Linux e das comunidades de "open-source", sediadas e desenvolvendo actividades em todo o Globo (ver comunidades abertas).
Só assim valerá apena ser um cidadão do mundo, principalmente nos Países menos evoluídos, e sentir que se evolui no sentido de uma plena integração, em comunidades e economias cada vez mais globais.

E finalmente respondendo à pergunta inicial com que iniciei este artigo, eu sou dos que acredita que sim. O Linux e os sistemas "open-source" fazem toda a diferença, quando se trata de distribuir gratuitamente acesso às tecnologias e à Internet e gerir recursos que custam dinheiro aos contribuintes e que são escassos. Sim o Linux, acredito, faz toda a diferença porque dá ferramentas gratuitas às pessoas e às empresas, para que possam continuar produtivas e até mesmo inovadores, agora e no futuro, principalmente quando se fala de educar as novas gerações e de as preparar para lidar com a nova ordem mundial, de uma sociedade da informação e do conhecimento.

Também as empresas, que independentemente de se situarem em Países do terceiro, segundo ou mesmo primeiro mundo, terão todas as vantagens em aderir ao sistema operativo Linux e ferramentas e software "open-source", já que os recursos financeiros que poupam, em muito poderão ser canalizados para a riqueza dos seus próprios Países. E com isto se aproveitam recursos para o desenvolvimento local, que de outra forma lhes escapariam e iriam certamente engordar ainda mais um conjunto cada vez mais restrito de entidades de algum País mais desenvolvido.

É por esta e outras razões que não entendo a decisão do Governo de Portugal, ou seja do meu País, de continuar a perpetuar soluções fechadas baseadas em Windows e MicroSoft, que apenas visam assegurar a sobrevivência no futuro, amarrando as gerações futuras, de software e soluções completamente proprietárias e de um único construtor de software do mundo.

A continuar assim, não haverá inovação e criatividade que nos valha e o tão badalado "choque tecnológico" terminará como diz o provérbio, "a montanha pariu um rato".

E é neste sentido que a Governação Sócrates deveria ponderar e decididamente alinhar Portugal com as verdadeiras oportunidades tecnológicas e sinergias que o Linux e o "open-source" podem verdadeiramente impulsionar, tirando o nosso País deste "pátio de lodaçal" em que fazemos questão de não sair.

Francisco Gonçalves, IT Architect (Out-2008).
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BTW: Para ilustrar ainda mais a razão de ser deste artigo deixo-vos com uma notícia que nos chega da Austrália e bem actual:

News: Australian State May Give Students Linux Laptops
2008-10-14 19:02 Posted by kdawson on Tuesday October 14, @07:02PM
from the keep-it-cheap dept.
Whiteox writes "The Australian Prime Minister's plan to equip high schools with 'one laptop per child' may go open source - OLPC. Kevin Rudd's $56 million digital revolution will include 'laptops [that will] run on an open source operating system with a suite of open source applications like those packaged under Edubuntu. This would include Open Office for productivity software, Gimp for picture editing and the Firefox internet browser.' So far this has been considered for New South Wales and I think other states may follow.".

Extraído de SlashDot online (c) in http://www.slashdot.com. ( Noticia integral. ).

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